segunda-feira, 27 de junho de 2011

O JOGO DE FUITIBÓ

Hoje o pessoá do mato,
Já está se acivilizando,
Já tem rapaz estudando,
Pru lado da capitá,
Já tem moça que namora,
Com as barrigas de fora,
Etc coisa e ta.

Mais estas coisas eu estranho,
Me dano e não acompanho,
A ta da civilização,
Nem que a morte me mate,
Nunca fui uma buaite,
Nunca vi televisão.

E esse ta de cinema,
Eu nem sei como é,
Se homem ou muié,
Se vem da lua ou do só,
Um teatro eu nunca vi,
Nem também nunca assistir,
Um jogo de fuitibó.

É isso mermo patrão,
Eu naci pra ser matuto,
Viver como um bicho bruto,
Dando de comer a gado,
E eu só sei que sou gente,
Proque um véi meu parente,
Disse que eu sou batizado.

Mais por ordem dos pecado,
O fie de cumpade chico,
O fazedendeiro mais rico,
Que existe naquele ao rebó,
Cum priguiça de estudar,
Inventor de inventar
o jogo de fuitibó.

E no pátio da fazenda,
Mandou botar duas barra,
Eu fui assistir a barra,
Do lote de vagabundo,
E quando vi afroxei,
Pois num é que eu achei,
A coisa melhor do mundo.

Eu cabôco lazarino,
Com dois metros de altura,
Os braços dessa grosuura,
Medo pra mim é sulipa,
De jogar tive o parpite,
E aceitei o convite,
Pro mode jogar de quipa.




Me déro um cação listrado,
E um par de jueiera,
Também um par de chuteira,
E uma camisa de gola,
Ai gritei orre diabo,
Eu já peguei touro brado,
E sigurei puro rabo,
Pru que nun pego uma bola.

Sei que o jogo começou,
O juiz bom e onesto,
Pra começar era Ernesto,
O nome do apitador,
Que mitido a justicêro,
Pro mode o jogo parar,
Soa bastava chutar,
A cara do cumpanheiro.

O juiz mandou chutar,
Uma bola cronta eu,
Só pru que o fubeque deu,
Um chuto no Honorato,
Ai o juiz ai errou,
Mais o fubeck que chutou,
Ele que pagasse o pato.

Mais a finá meu patrão,
Não gosto de confusão,
Mandei um cabra chutar,
E fiquei esperando o choque,
Com tanta força a bola vinha,
Vinha tão piquininha,
Que só bala de badoque.

Quando fui pegar a bola,
Me atrapaiei meu patrão,
A bola passou nos meus braços,
Bateu numa região,
Foi batendo e eu caindo,
Espuliando no chão

O povo bateu em cima,
Me déro um chá de jalapa,
Uns treis copo de garapa,
E um chá de quixabeira,
Quando tive uma miora,
Joguei a chuteira fora,
E sair batendo a poeira.

Daquele dia pra cá,
Nem pra ganhar dinheiro,
Num jogo mais de goleiro,
Nem com chuva e nem com só,
Nem aqui nem do diserto,
Nunca mais passo nem perto,
Do campo de fuitibó.

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